Quase Suicida – Chico Xavier.

by Fátima Regina Saldanha

Quase Suicida.

Quase suicida.

Sentimos-te o passo, à beira do precipício. Caindo quase.

Entretanto, estamos aqui, buscando-te o coração para o reequilíbrio.

Ninguém te pode medir a dor, mas urge reconhecer que, por mais que soframos, há sempre alguém na travessia de obstáculos maiores.

Abandona a ideia que te induz a própria destruição e medita. Ainda há sol bastante para ser esperado amanhã, tanto quanto surgiu hoje.

Nem todas as estradas e fecham de vez no trânsito da vida.

E, por mais que anseies pelo fim, a morte é ilusão.

No trabalho e no repouso, na luz e na sombra, dentro do dia ou da noite, achamo-nos naquilo mesmo que fizemos de nós.

Não alargues, por isso, as feridas mentais que porventura carregues, acumulando cargas inúteis de aflição, porque, além da cela corpórea, de que pretendes afastar-te, reconhecer-te-ás, simplesmente com tudo aquilo que fizeres de ti.

Recorda: a sabedoria da vida, que regenera a erva mutilada, tem remédio igualmente para qualquer de nossas dores.

Ergue-te do vale conturbado das próprias emoções e larga para trás o nevoeiro da negação e da dúvida.

Segue adiante.

O trabalho salvador te espera o pensamento e as mãos.

Escuta: O gemido de um enfermo relegado desamparo ou o choro de uma criança sozinha te apontam aqueles que te aguardam a presença amiga, como sendo a de um anjo com o divino poder de auxiliar.

Avançar mais um tanto. A natureza materna conversará contigo pelo inarticulado da observação no silêncio. As árvores te falarão do prazer de ofertar os próprios frutos, e a semente, a renascer do claustro da terra, te dirá que não há morte.

E, quando a noite se te descobre ante a jornada, os astros refletidos em teu olhar proclamarão, por dentro de ti mesmo, que força alguma te poderá despojar da condição luminosa de criatura de Deus.

Francisco Cândido Xavier.

Livro: Caminho de Volta.

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