Ajustar as velas do barco…
A criatura independente e que goza de certa autonomia está apta à auto-realização, porque age,pensa, vê e sente por si mesma. Por sinal, quase sempre hostilizamos aqueles que são realmente livres, porque eles abalam nossos conceitos de vida alienada e enfadonha.
O ser liberto se auto-realiza, porque cria e produz a partir do seu plano ou projeto íntimo; conhece e vivencia a atualidade, no próprio tempo e/ou espaço, de tal modo que o âmago é quem sempre o guia e orienta, conduz e ilumina a todo momento.
A pessoa livre é segura, por isso não necessita de inúmeros conselheiros, das crenças impostas, das ideias e ideais dos que se autodenominam porta-vozes do povo. Quando nos deixamos levar pelo “canto da sereia”, perdemos o contato com o Deus em nós.
Eis aqui uma maneira de ser livre: não ser escravo de opinião ou julgamento da massa comum, não se iludir com as aparências exteriores ou promessas espetaculares e viver o máximo possível os fatos, respeitando o tempo de cada conquista e reconhecendo em cada pessoa o grau evolutivo que lhe é devido.
Todos nós queremos a liberdade. Não obstante, vivemos amarrados e totalmente encarcerados por uma infinidade de ditadores externos e internos.
A liberdade não é alguma coisa que se adquire e que se dê por encerrada. Não é algo que se conquista de uma só vez, e sim uma tarefa permanente, algo que se constrói e que se deve elaborar dia após dia.
Só a possuem pessoas corajosas, as que conseguiram romper os grilhões que, diariamente a vida em sociedade lança sobre nossas mentes.
Apenas é livre a criatura que não dá ouvidos às vozes da esclerosada opinião social.
Precisamos, sim, avaliar, ponderar e julgar o que devemos ou não fazer, de acordo com nossas metas e possibilidades, e não com os pareceres alheios.
Muitos de nós desconhecemos o verdadeiro significado da liberdade, dádiva concedida ao indivíduo de poder exprimir-se responsavelmente, de acordo com sua vontade, consciência e natureza.
Não raro os homens trazem a “marca da coleira”, como o cão da fábula (O Lobo e o Cachorro). Vivem alienados, distanciados das realidades que os cercam, ou melhor, sem conhecer ou compreender os impulsos íntimos (fatores sociais, emocionais e culturais), que os levam a agir e viver de forma prescritiva. A propósito, é bom lembrar que “viver solto” é completamente diferente de “viver livre” .
Diante dos poucos que auxiliam libertar, há uma multidão dos que tendem aprisionar.
Se nós verdadeiramente queremos auxiliar os que amamos a se tornarem livres, concedamos-lhes autonomia e independência tal como preservamos para nós a capacidade de nos autogovernar.
No entanto, é bom lembrarmo-nos de que somente Deus faz tudo para todos.
Jamais devemos ser conduzidos por padrões estereotipados . É fato alienante estar com a mente cheia de conhecimentos dos outros e não adquiridos por nós mesmos.
Aprendendo a pensar por nós mesmos, experimentamos a liberdade.
Hammed.
Livro: La Fontaine e o Comportamento Humano.
Francisco do Espírito Santo Neto.